A Importância de Parar e Aquietar


Você já observou o fluxo dos seus pensamentos? A confusão da sua mente? Ou será que está tão acostumado que não percebe? Que tal parar agora por alguns instantes e observar o seu fluxo mental? Tem algum sentido? 

A nossa mente adora ficar presa a algo que não tem sentido, ou algo que é repetitivo, para nos absorver. Seja revivendo o passado, ruminando diálogos, fofocando consigo mesma, fantasiando uma situação, antecipando um futuro, a nossa mente está fazendo de tudo, menos vivendo no momento presente. É por isso que não sabemos como a maior parte das circunstancias de nossas vidas são criadas, pois permanecemos inconscientes, vivendo meio que no automático. 

O excesso de ruído mental termina criando uma tela de separação conosco mesmos, nos impedindo de encontrar áreas de serenidade dentro de nós. Ficamos tão absorvidos com nossos pensamentos que terminamos criando uma espécie de torturador mental. A fofoca interna também nos impede de entrarmos em contato com nossas emoções, de aprendermos a lidar com elas de forma mais benéfica para nós e para os outros.

Por isso, antes mesmo de lidarmos com nossos pensamentos, padrões mentais e emoções, precisamos criar uma abertura em nossa mente, na qual possamos observar suas manifestações, como uma testemunha, prestando atenção sem fazer julgamentos. Como diz Eckhart Tolle, em seu livro “O Poder do Agora”:

“Esteja presente como uma testemunha. Seja imparcial ao ouvir a voz (do burburinho mental), não a julgue. Sentir a própria presença não é um pensamento, é algo que surge de um ponto além da mente.”

Quando aprendemos a parar e simplesmente observar nosso fluxo mental, vamos diminuindo a nossa identificação com ele e criando um espaço interno para experimentar uma serenidade interior, uma presença interna mais alerta e conectada consigo mesma e com o universo.

Mas como podemos treinar a permanência nesse estado e mantê-lo? 

Vamos saber um pouco mais sobre uma técnica oriental que tem sido estudada por muitos cientistas da neurociência: a meditação.

Cada vez mais a ciência tem estudado os efeitos da meditação no cérebro, descobrindo o quanto ela trás benefícios em vários níveis, como, por exemplo, nos casos de depressão, ansiedade e estresse. A meditação também aumenta a facilidade de aprendizagem, concentração e memória, assim como o bem-estar do indivíduo. Estudos recentes têm mostrado os efeitos dessa prática na plasticidade neuronal.

Mas qual o efeito que a meditação pode ter no cérebro para aquelas pessoas que querem investir num processo de reeducação mental e autoconhecimento?

Como sabemos as células do cérebro responsáveis pela maior parte de sua atividade são os neurônios. O mestre budista, Mingyur Rinpoche, envolvido nas pesquisas sobre meditação e neurociência, fala em seu livro “A Alegria de Viver”, que os neurônios são células muito sociáveis e que adoram fofocar:

“Os neurônios são células muito sociáveis, adoram fofocar. Em alguns aspectos eles são crianças desobedientes na escola passando bilhetinhos e cochichando entre si – com exceção de que as conversas secretas entre os neurônios tratam principalmente de sensações, soluções de problemas, criação de memória e produção de pensamentos e emoções. Essas células fofoqueiras se parecem muito com árvores, composta de um tronco (axônio) e galhos que se estendem para enviar e receber mensagens. Elas passam suas mensagens através de pequenas lacunas entre os galhos mais próximos (chamamos isso de sinapses). As mensagens que fluem por essa lacunas são enviadas na forma de moléculas químicas chamadas de neurotransmissores. Quando os neurônios se conectam formam um vínculo muito antigo parecido com uma amizade antiga. Esse vínculo é a base biológica de grande parte do que chamamos de hábitos mentais.”

Os estudos têm mostrado que nossos hábitos mentais, padrões de comportamentos e crenças foram construídos ou reforçados por meio de nossa experiência. Em nível cerebral, então, há conexões neuronais fortes que representam tais hábitos. Mas os estudos mostram também que tais ligações antigas podem ser enfraquecidas quando uma nova experiência vai ganhando lugar “neuronal”. Por meio da repetição de novos hábitos o cérebro pode mudar a forma com que trabalha, substituindo velhas conexões neuronais por novas.


(Trecho do livro: Fazendo sua Terapia - Ebook Gratuito)